sexta-feira, 1 de junho de 2012

As vicissitudes de um agricultor em construção

Em 2006 e na sequência de um AVC hemorrágico sofrido uns anos antes, fui reformado por invalidez e, embora tendo nascido no Alentejo, nunca fui adepto de ficar à sombra a ver o tempo passar (mesmo em dias de nevoeiro) não possuindo, portanto, os "dotes" tão característicos daquele povo,  até por que de lá saí muito novo (3 meses de idade, segundo julgo) e não terei tido tempo para assimilar aquela "molengueza".
Vai daí, decidimos (eu e a minha companheira), há uns anos atrás , comprar uma casita no campo onde pudessemos ocupar o tempo  na velhice .
Efectuada a respectiva escritura, tratei de adquirir alguma documentação que me auxiliasse nas tarefas do campo, já que, tendo todo o tempo do mundo, pretendia iniciar-me na arte de bem "agricultar".
Aconteceram, então, várias peripécias que me proponho ir relatando neste blogue se, para isso, tiver pachorra e tempo.

1º Episódio - A Horta:

Lida a documentação apropriada, efectuada alguma pesquisa na internet e adquiridos os materiais necessários, senti-me devidamente apetrechado para dar início à construção de uma horta intensiva em pouco mais de 2 palmos de terreno.
Algumas estacas, uns metros de manga de plástico, várias marteladelas nos dedos, etc., deram corpo a uma mini-estufa com traços de arquitectura naif.
Havia, agora, que lançar as sementes à terra. Assim o fiz, criando linhas de acordo com a espécie hortícola.
Todos os dias vigiando a estufa e regando a terra, lá começaram a aparecer os primeiros rebentos que fui deixando crescer até atingirem cerca de 10 cm de altura, após o que teria de seleccionar os mais vigorosos e os plantar ao ar livre, em local definitivo (diziam os livros).
Começaram os problemas! Em primeiro lugar porque fora das linhas também nasceram rebentos e, tragédia das tragédias, era tudo verde! Como havia eu de saber quais eram os tomates, quais eram os pepinos, quais o pimentos, etc., etc..
Não esmoreci e, valendo-me dos vastos conhecimentos adquiridos na "quasi-licenciatura" em autoclismática, fui-me a eles!
Os raquíticos, lixo! Os mais viçosos e vigorosos, para um "tuper-where", com muito cuidado e um pouco de água.
Estava eu muito entretido a "agricultar" quando, de repente, me aparece o Sr. Sá (o ex-proprietário que nos vendeu a casita) e atira:
- Sr. Magro, o que está a fazer?!
Eu, com ar de quem já percorreu a Europa toda a construir hortas, respondi :
- Então Sr. Sá, fiz uma estufa e semeei várias coisas (???) e, agora que já cresceram, deitei fora as mais fraquinhas e estas são para plantar noutro lado!
Resposta pronta do Sr. Sá:
- MAS ISSO SÃO URTIGAS!!!
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2 comentários:

  1. Olá Abílio, tenho descendència aparentemente da família Bramão de Morais Magro. Não sei nada sobre eles a não ser recentemente que descobri que a minha avó fazia boa comida transmontana! email: matilde.magro@gmail.com Obrigada!

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  2. bai lamber sabom! e plantar mais urtigas, s.f.f.!

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